quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Comentário sobre as oficinas SME - Profª Josiane Alves Moreira


Assim que entrei no meu e-mail e vi a solicitação da professora Aya para que fizessemos uma biografia, memorial de leitor e autoavaliação pensei que chegara o momento de revistando o passado trazer de novo ao coração algo que devido a ação do tempo tenha ficado esquecido em algum lugar da memória.

Sentei-me e iniciei meu árduo trabalho de recordar. Pensei em minha posição como quarta filha do casal João Alves Moreira e Maria da Salete Silva Moreira que totalizaram seis filhos e o quanto isso me fez feliz. Meus pais, apesar de pouco estudo, sempre primaram para que tivéssemos uma boa educação. E foi a partir desse desejo deles e de sua iniciativa de nos contar história nos embalando em uma rede, que tivemos um primeiro contato com a leitura e a emoção que eles conseguiam nos passar através dessa contação de história, o que literalmente nos oportunizava um mergulho no texto de forma prazerosa através da nossa imaginação.

Aos cinco anos de idade, fui à escola, aliás ao Jardim de infância, como era chamada antigamente. Cheguei e observei aquele espaço que até hoje recordo com detalhes a sala de aula, as mesinhas, o porquinho, a professora e os coleguinhas era tudo muito encantador. A professora entrava na sala abraçando-nos. Cantávamos e em seguida ela nos contava histórias e novamente a imaginação voava para bem distante e ao mesmo tempo bem perto. Eu imaginava o cenário, as personagens, o final feliz etc.

Desta forma, despertei o gosto para encenar as histórias que ouvia. Convidava as colegas, contava-lhes a história, distribuía papéis, pensava no cenário, pensava no figurino e recorria aos lençóis, flores e demais objetos de casa para apresentar as histórias para a vizinhança fiz isso até os onze anos.

Meus pais percebendo que eu era uma criança muito “ativa” decidiram me colocar muna aula de reforço no contraturno e aí eu me perguntava: por que eu, com apenas 7 anos tenho que estudar em dois horários ? E minhas irmãs não? Indaguei para minha mãe e ela me disse que tinha muita “energia” e devia gastá-la de forma saudável. É aí que entra a figura de Dona Nina, uma senhora que morava próximo à minha casa e dava aulas particulares. Esta figura era severa e utilizava métodos da correção lastimável “palmatória”. D. Nina utilizava a cartilha do ABC para me ensinar a ler e escrever, decodificando os signos lingüísticos. De forma mecânica, somente através da memorização de som/representação das letras fazendo com que o aprendizado fosse algo doloroso. Eu não conseguia relacionar o prazer que sentia na contação de história feita pelos meus pais, o método utilizado por D. Nina e a escola que freqüentava, porém logo aprendi a ler e a escrever e isso tornou-se uma mania, pois andava com minha mãe pelas ruas lendo placas, anúncios e tudo que aparecia pela frente.

Com o passar do tempo já com 10 anos me deparei com a “moda” de responder questionários com perguntas pessoais os quais circulavam na escola. Do questionário passei para a escrita de diário o que me encantou pelo fato de registrar os meus melhores momentos, minhas preferências, minhas músicas e meus amores sem que meus pais soubessem. Depois passei a ler os romances de José de Alencar, primeiro como exigência da escola, depois porque me apaixonei por aquele tipo de leitura.

Hoje, sou professora, gosto de ler e creio que todo o percurso que trilhei na minha infância e adolescência me deu suporte para que o trabalho que hoje realizo.

Com o GESTAR II, pude expor de forma sistematizada esse percurso e ao mesmo tempo elencar as dificuldades encontradas no Ensino da Língua e formas estratégicas de superá-las através de novas metodologias e foco na aprendizagem do aluno utilizando o texto como base do seu ofício para garantir um processo educativo significativo e humanizador.

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